quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Um grito de Liberdade..

Cantada desde de tempos imemoriáveis, amada por artistas e poetas, sonhada por todos. Lema de revoluções; em seu nome, litros e litros de sangue derramados ao longo da História. Dos pensadores pré-socráticos, aos pais do capitalismo e comunismo, passando pelos fundadores de movimentos como Renascimento e Iluminismo: todos almejaram e a desejaram, muitos dedicando sua vida inteiramente para alcançá-la. Possuí-la significa ser dono absoluto de si. Todos anseiam, todos precisam, todos querem, embora a maioria não a entenda.

Liberdade.

Mas o que diabos é a liberdade? Cegos são os homens que acreditam que a possuem. Pense: és livre? Faz o que queres? Nada te impede de querer e poder? Sem dúvida, a resposta de todas as perguntas foi “não”. E porque?

Supõe-se que a liberdade seja um bem pessoal, único e individual, que nos garante o direito de agirmos conforme nossa vontade. Entretanto, nos encontramos em meio de uma série de restrições a nossa liberdade, como moralidade, ética, normas de condutas sociais, etiqueta, padronização social (voluntária), entre outras coisas. Segundo Montesquieu, “liberdade é o direito de fazer tudo aquilo que as leis permitem". Mas liberdade restritiva é liberdade? Se você quiser contar uma piada em um velório, poderá fazê-lo sem sofrer represálias das outras pessoas? Pessoas que assim como você são teoricamente dotadas de liberdade e compõe a mesma sociedade, que tiveram basicamente a mesma educação e os mesmos princípios morais?

A liberdade é um bem defendido desde o início da civilização. Mikhail Bakunin, filósofo anarquista, defende que o homem era livre apenas em seu estado selvagem. Complementando-o, digo que o homem era livre até o estabelecimento da divisão social do trabalho, que surgiu já no primeiro processo “civilizatório” da humanidade. Quando um homem deteve em si o direito de coordenar e definir qual o homem trabalharia fazendo o que em prol de estabelecer um equilíbrio de produção, sob a justificativa de que seria para o bem de todos, a liberdade do homem foi ferida. Ou talvez eu esteja errado, e o homem conduziu sua produção segundo o bom senso, consciente de que sua decisão poderia prejudicar outros. Mas há um fato que definiria essa questão: sofreria represália, social ou mesmo física, o homem que decidisse por si, em nome de sua vontade e liberdade, não plantar o que lhe era designado, ou se dedicar a religião ao invés de plantar, ou mesmo o homem que, embora talentoso agricultor, desejasse trabalhar na administração da comunidade?

Um outro fator muito importante, talvez tão importante quanto a questão da liberdade, é o bom senso para a liberdade. Até mesmo a liberdade tem limite, e tal limite é o bom senso. Não pense que sou contraditório, uma vez que defendi que liberdade restritiva não é liberdade, pois continuo pensando assim. O bom senso que defendo e a que me refiro não é um bom senso hipócrita moral, ou que segue as condutas tolas de uma sociedade cega. O bom senso em que acredito é o bom senso da auto-preservação, o mesmo do homem “selvagem” (que em certos aspectos era mais civilizado que o homem moderno; mas a questão do que seja a civilidade fica para outra discussão). Liberdade não é sair por ai andando nu só porque quer senti o vento. Isso não é liberdade, é tolice. Não me refiro aqui sofre seguir normas sociais hipócritas, da qual sou fervoroso opositor, mas do fato de que devemos sempre lembrar que a liberdade é um direito individual, e a sua liberdade termina onde começa a do próximo.

"O homem nasceu livre, e em todos os lugares ele está acorrentado."
(Jean-Jacques Rousseau)

Nenhum comentário:

Postar um comentário