sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Desejo

E o desejo. É forte, intenso, muito intenso. Cego, excepcionalmente cego. Mas é desejo, oras! Desejo é desejo: se ama o desejo, e não o desejado. Penso e rio sobre tudo isso. Seria cômico, se não trágico. Mas nada, é brincadeira, coisa de universitário idiota.

Desejo, simples desejo. Desejo de ter, de tocar, de abraçar, se possuir, de sentir. Desejo de desejar. Saber que não se pode ter é pior do que não desejar. Pois desejando se fantasia, ah, e como fantasia. O ser humano tem a irritante mania de fantasiar histórias, sensações e desejos, especialmente desejos. Fantasia-se porque não se tem, não se tem porque não há como ser.

Dou outro sorriso e bebo mais um gole da vodka que desce mais uma vez queimando a garganta, pensando no desejo. Tê-la seria demais, seria irreal, quase que um momento em que ultrapassa as fronteiras do espaço e tempo para viver uma realidade metafísica. Pois o desejo é impossível. Impossível? “Improvável” seria mais correto. Muitíssimo improvável, ao ponto do absurdo. Mas desejo é desejo, desejo é pra ser desejado. Desejo pra ser fantasiado e satisfazer o ego nas noites frias em que se pensa na merda de vida que se tem.

Desejo é desejo, vivido ou não. Surreal, irreal. Mas o desejo, ah, o desejo. Ele sim alimenta a alma. Se não alimenta, engana a fome de ter. Ter, possuir, poder. Tocar, beijar, abraçar, afagar. Ter. Esse é o desejo, o desejo do irreal, do desejo do impossível, o desejo de tê-la.

Obrigado por me ensinar o que é o desejo.

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