quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Dias difíceis, dias nublados e tristes. O cansaço de tudo o que sou, de tudo que é e está, se abate fortemente sobre mim e meus ombros largos. Meu corpo está esgotado, minha mente vazia e minha alma quebrada, mas mesmo assim me vejo obrigado a prosseguir. Um dia de cada vez, sem pressa ou expectativa, calmamente, sigo o caminho (que não sei ao certo se é o meu, mas sigo; seguir é melhor do que estagnar).

Procuro em minha mente vazias coisas para dizer a mim mesmo, frases de incentivo de pessoas importantes, tento me encher de coragem todos os dias, acreditando que as coisas vão ser diferente. Não quero acreditar, acredito, acredito desacreditando. Sei que passa, sei que não será assim pra sempre, mas a dor é hoje, é agora, e embora queira passar por isso olhando pra frente, não consigo.
Torço pelo dia em que escreverei coisas otimistas aqui, sobre felicidade e amor, sobre as coisas boas da vida e como é bom viver. Mas enquanto isso, vivo nesta constante melancolia, de uma grande tormenta que surgiu como uma pequena nuvem negra no céu.

Alguém muito especial me disse a pouco:

“Não quero ver você pra baixo, achando que tudo está dando errado.
Não podemos generalizar as coisas. Há o amor, e também há a vida.
Nossa vida pode ficar balançada pelos acontecimentos cotidianos,
mas com o amor que carregamos, nada será abalado. E eu sei desse amor que você carrega.”

Pessoa a que amo e quero muito bem. A fé que depositas em mim me dá força, me incentiva e meu coração não esquecerá isso. Quero, e terei, esta fé em mim mesmo. Assim será.

domingo, 27 de setembro de 2009

A Tempestidade

Coração duro feito pedra, cabeça erguida
É mais fácil seguir em frente quando não se precisa olhar pra trás
Seria mais simples em nem pensar na vida
Mas as coisas não funcionam desse modo, coisas simples demais

Atormentado por coisas que nem sei
Vivendo um dia de cada vez
Sem esperanças? Ou sem esperar nada do futuro?
Só há decepção com expectativas frustradas
Não quero mais me decepcionar

Lutando comigo mesmo todos os dias
O anoitecer me dá mais esperanças do que o amanhecer
E falta coragem para levantar às manhãs frias
Questiono-me sempre sobre o sentido de ser

Vejo dias nebulosos à frente,
Enquanto tento sobreviver a essa tempestade.
Nuvens negras, vento forte, ruídos latentes...
Tempestade em mim..

E sigo levando. Não é confortável, nem agradável. Não sei para onde ir, nem se devo ir, mas continuo seguindo. Mesmo a perspectiva de um final feliz já não me anima, assim como não me anima as lindas lembranças daqueles dias felizes, embora devesse. Pois alguém otimista pensaria “pelo menos, tudo o que vivemos foi bom”, mas não alguém como eu, não eu; eu sou o tipo que ao invés disso pensaria “foi lindos dias, que acabaram e que não tenho certeza se conseguirei seguir em frente”.

Meu lado sombrio dá risadas amargas da perspectiva de sofrer, enquanto que isso não mudará nada (mas ajuda a diminuir a dor). Se diverte do meu próprio sofrimento, enquanto olho pela janela e vejo as crianças brincando, sendo feliz. Enquanto meu lado benigno tenta obliterar a dor, pensar no que há de vir e pensar nas alegrias vividas, procurando de todo o jeito levar tais lembranças como momentos felizes, e que valeram mesmo por terem acontecido, independente do que estava por vir logo depois daqueles dias de glória.

Nas lendas, nunca mostram como os gloriosos e poderosos guerreiros levantam após suas quedas, ou mesmo, se levantam. É fácil imaginar, e mais fácil ainda dizer, “siga em frente”, “a vida continua”. Marcas, cicatrizes. É isso o que fica, e isso que nos lembra o que aconteceu conosco na estrada até aqui. Ou um ferimento sara, ou o guerreiro morre. Não quero morrer, mas por que essa maldita ferida não fecha?

Mas sigo levando. Sim... Não quero sofrer, não quero, sei disso, tenho certeza disso, mas meu coração insiste em sofrer. O que faço? Alguém pode me ver aqui em baixo?


(Escrito em 20 de setembro de 2009)

Renato Russo - Trechos [Parte 2]

“Todos os dias quando acordo,
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo,
Temos todo o tempo do mundo
(...)
Sempre em frente, não temos tempo a perder”

“Será que você vai saber o quanto penso em você com o meu coração?”

“Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos pra mesma direção
Aonde está você agora, além de aqui, dentro de mim?
(...)
E quando vejo o mar, existe algo que diz
Que a vida continua e se entregar é uma bobagem
Já que você não está aqui, o que posso fazer,
É cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos”

“As vezes parecia, que de tanto acreditar,
Em tudo que achávamos tão certo
Queríamos o mundo inteiro e até um pouco mais
Faríamos florestas no deserto, e diamantes de pedaços de vidros
Mas percebo agora o seu sorriso, bem diferente
Quase parecendo te ferir”

“Nada mais vai ferir.
É que já me acostumei com a estrada errada que segui
Com as minhas próprias leis.”

“Estou aprendendo a viver sem você
Já que você não me quer mais
(...)
Quando você deixou de me amar,
Aprendi a perdoar, e a pedir perdão”

“Quantas chances desperdicei quando o que eu mais queria
Era provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém”

“Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira”

“E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você”

“Sei que as vezes uso palavras repetidas,
Mas quais são as palavras que nunca são ditas?”

“Sempre precisei de um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto”

“Não vou me deixar emputecer,
Eu acredito nos meus ideais
Podem até mal-tratar meu coração
Mas meu espírito ninguém vai conseguir quebrar”

“É tão estranho, os bons morrem jovens
Assim parece ser, quando me lembro de você
Que acabou indo embora cedo demais”

“Só por hoje, eu não quero mais chorar
Só por hoje, eu espero conseguir aceitar o que passou e o que virá
Só por hoje, vou me lembrar que sou feliz.”

“Mas é claro que o Sol vai voltar amanhã”

“Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar nos sonhos que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém”

“Hoje a tristeza não é passageira, hoje fiquei com febre a tarde inteiraE quando chegar a noite, cada estrela parecerá uma lágrima”

Renato Russo

sábado, 26 de setembro de 2009

Wherever you will go...

"And maybe, I'll find out
A way to make it back someday
To watch you, to guide you, through the darkest of your days
If a great wave shall fall and fall upon us all
Then I hope there's someone out there
Who can bring me back to you"

Talvez alguns dias atrás essas palavras me fizessem sentido, mas hoje, não sei mais. Aliás, ultimamente há poucas coisas de que sei. Uma delas é que:

"Tenho repetido que, no que depender de mim, me recuso a ser infeliz". (Caio F.)

Mas nem disso tenho completa certeza. Nem sei se um dia já encontrei a verdadeira felicidade (e não me refiro aquela de quando, por exemplo, te fazem uma festa supresa ou quando tira nota boa numa prova que não esperava se dar bem). Sei que o que sinto é ruim, mas se sou capaz de distinguir o que é ruim, é porque já provei o bom, mas a fundo, não me recordo disso. Enfim... Deixo essas questões mais filosóficas para outro dia.

Boa noite, senhoras e senhores.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Nicole

Em meio a via imunda, seu semblante resplende. Me chama com os olhos, assim como chama qualquer outro que passe. Me aproximo e sussurro em seu ouvidos palavras rápidas e objetivas, ela sorri e segura minha mão, andando comigo, indicando-me o caminho.Subo escadas estreitas, rumo ao que nem-sei-o-quê.

Nicole me espera no alto da escada. Seu corpo é quente e acolhedor. Um beijo no rosto, um sorriso. Não é confortável a nenhum dos dois, a ela principalmente, mas em alguns minutos tudo acabaria.

Seu corpo macio, seu cabelos negros e lisos escorregando pelo seu seio desnudo. Tenho vontade de abraçá-la, mas isso é muito pessoal.

Ao fim, ela me espera no fim do corredor. Outro beijo no rosto, mais um sorriso. Foi frio, rápido e, de certo modo, cruel aos dois, mas foi muito bom. Mas então por que ainda me sinto tão vazio?


(Escrito em 19 de setembro de 2009)
Acordo cedo, tomo banho, escovo os dentes, troco de roupa, tomo café e vou para o estágio. Pego metrô lotado, e simplesmente observo as pessoas. Alguns conversam, outros riem, mas a maioria (tipo uns 95%) tem uma cara estranha, difícil de definir. Algo como uma mistura de tédio, desânimo e tensão. São quase 8h da manhã, e as pessoas vão para o trabalho como se estivesse indo para o calvário ser crucificado.

Esbarro em uma senhora ao meu lado, viro-me e digo “me desculpa”. Sua resposta? Uma cara ranzinza e um olhar zangado pra mim. Deus, o que há com o mundo? Eu só esbarrei o braço nela, não lhe arranquei um fígado. Fechos os olhos, respiro e volto minha atenção para o meu livro. Então, a minha frente, uma linda mulher está virada de costas pra mim, com o celular no bolso de trás, mas de fácil acesso a qualquer ladrão. Posiciono-me de modo a cobrir suas costas. Protegi alguém que nunca saberá o que fiz, nem quem sou. Ela nem olhou pra trás.

Eu sou um cara legal. Posso não ser rico, inteligente e muito menos bonito, mas sou um cara legal. Não direi que sou um santo, mas estou sempre disposto a fazer o melhor, o bem. E o que recebo em troca? Sou pisado e humilhado todos os dias por agir como um ser humano deveria agir. Me sinto um homem perdido em meio a uma savana de leões famintos.

Cansei, sabia? Cansei mesmo. Não que eu vá ser uma pessoa ruim daqui pra frente, mas estou perdendo gradativamente a fé em muitos dos meus ideais, e pior de tudo, também perco a vontade de acordar todos os dias e encarar um mundo como este. Tenho certeza, se quisesse me isolar em um casulo em mim mesmo, conseguiria sobreviver numa boa, mas sinto que isso me tornaria menos humano, o que não me agrada. Não quero ser um caçador, mas também não quero ser abatido.

Esse mundo definitivamente não é pra mim...

(Escrito em 22 de setembro de 2009)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Renato Russo - Trechos [Parte 1]

“Já estou cheio de me sentir vazio”
***
“Um dia pretendo tentar descobrir
Porque é mais forte quem sabe mentir”
***
“Não estou mais interessado no que sinto,
Não acredito em nada além do que duvido.”

***
“Tudo é dor, e toda a dor vem do desejo de não sentirmos dor”
***
“O Sol nasce pra todos, só não sabe quem não quer.”
***
“Quando querem transformar dignidade em doença
Quando querem transformar inteligência em traição
Quando querem transformar estupidez em recompensa
Quando querem transformar esperança em maldição!”
***
“Me sinto só, e dizem que a solidão é o que me cai bem”
***
“Quero me encontrar mas não sei onde estou”
***
“Me deixa ver como viver é bom,
Não é a vida como está, e sim as coisas como são”

***
“Vem de pressa pra mim que eu não sei esperar
Já fizemos promessas demais
Já me acostumei com a sua voz
Quando estou contigo, estou em paz.”
***
“Tudo passa, tudo passará...
E nossa história, não estará pelo avesso, assim, sem final feliz
Teremos coisas bonitas pra contar...”
***
“Quando se aprende amar, o mundo passa a ser seu”
***
“Os sonhos vêem, os sonhos vão
E o resto é imperfeito.
Disseste que se tua voz tivesse força igual a imensa dor que sentes
Teu grito acordaria, não só a tua casa, mas a vizinhança inteira”
***
“Quando não estas aqui, sinto falta de mim mesmo
E sinto falta do meu corpo junto ao teu”


Renato Russo

Jogo roubado.

O passado me assombra, um passado não tão distante.
Isso me irrita muito,além de atrapalhar minha vida.
Paro completamente 24 horas por dia pra pensar nas coisas que se passaram, e as vezes quando por alguns segundos me esqueço,faço força pra lembrar.
Quase uma masoquista da minha mente.
Isso acaba comigo,me desfacelando as poucos.
Assumindo minha culpa,ganhei isso como um bônus.
Só não achei que o jogo teria um nível como esse... tão baixo.
Acreditei que um dia você,jogador,pudesse me surpreender.
Me surpreender com gestos bonitos e maduros, um jeito positivo
não me surpreender do lado negativo da história, uma velha-história-recente muito vulgar.


Escrito por Rafaela Cotta.

Mais uma carta..

Em 14 de setembro de um ano qualquer...

À caríssima Srta. Braga,
Alguns de meus devaneios reflexivos.

Peço, minha querida, que me perdoe se for enfadonho. Mesmo que lhe pareça uma leitura tortuosa, suplico-lhe que vá até o fim, leia até o fim. Sim, desta vez lhe sobrecarregarei com minhas idéias psicóticas e insanas, mas apenas desta vez, prometo.

Peguei-me a pensar sobre o que o porquê de sermos tristes. Não me refiro somente a sermos tristes, mas como a necessidade da natureza humana de querer a tristeza. Sim, nós a queremos. Duvida? Então pense em quantas vezes, depois de se decepcionar, mesmo sabendo que deveria dar a volta por cima, seguir em frente (e com todos aqueles que se importam contigo dizendo o mesmo) você optou por continuar a sofrer e se martirizar, nem que seja mais um pouquinho. Não entendeu? Quando, mesmo levantando a cabeça pra continuar em frente, você coloca, propositalmente, aquela música que a faz pensar em sua dor. Isso é uma forma de martírio, de tortura, de autoflagelação psicológica e, acima de tudo, uma opção por desejar a tristeza.

Sejamos sinceros, se não soasse absurdo, poderíamos até dizer que é “bom” estar triste. Sim, isso mesmo. Quando as pessoas lhe dão mais atenção, (aparentemente) se importando contigo; quando você pode usar a tristeza como desculpa para fugir da dieta (“só vou comer chocolate porque estou deprimido”); quando você encontra uma desculpa para não fazer nada, apenas deitar na cama, ouvir músicas tristes e olhar para o teto pensando em porque Deus te odeia; quando você pode justificar aquela nota ruim na última prova.

Agora, e quando queremos estar tristes por não sabermos como é uma vida de felicidade? Pelo menos, uma vida de felicidade sem o motivo que a deixa triste. Explicarei melhor.

Quando perdemos algo (alguém) que nos é muito importante, sofremos muito por isso. Ficamos tristes, muito tristes, e pensamos que já não faz mais sentido sem aquilo (ele/ela). Então nós queremos continuar tristes, ainda neste estado depressivo, com medo de sair dele e se deparar com uma realidade totalmente nova: sua vida sem aquilo. É o mesmo que uma telefonista que ama sua profissão e trabalha nela a muitos anos. De uma hora para outra, a empresa a demite, e ela fica destruída. Então, ao atender o telefone em casa, ela se pega dizendo “Empresa ‘tal’, aqui é Fulana falando, em que posso ajudá-lo?”. Ela terá que reaprender a dizer somente “alô”, e isso a assusta. Foram longos e felizes anos, fazendo algo que amava, e atendendo sempre o telefone da mesma forma (coisa que ela adorava), e de repente, sua realidade muda. Ela deve seguir em frente, sem dúvida, mas ela tem o não o direito de ter medo?

Dor, tristeza, tortura psicológica. Não sabemos o quanto sofrer, mas sabemos que o sofrimento é inevitável. Aponte-me um Homem que viveu sua vida na mais pura felicidade e alegria, e lhe darei uma bala. Sofrer não é uma opção, mas continuar a sofrer é. Todo dia travamos uma batalha contra nós mesmos, e essa é mais uma. Embora seja “ótimo” continuar no fundo do posso, olhar pro horizonte e seguir em frente é a melhor opção para que possamos (tentar) viver.

***

(escrito em 14 de setembro de 2009)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Sem título [2]

Fico olhando pra essa barrinha piscando, esperando que eu escreva algo, mas nada me vem a mente. Disse a mim mesmo “escreva sobre o que está sentindo. O que está sentindo?”. Parei, fechei os olhos, respirei, refleti. Nada. Um grande vazio. Preferiria mil vezes dificuldade em me expressar a sentir isso. Parece que não vivo, não sinto, não sou. Estranho, estranho mesmo..

Bateu forte a solidão agora. Nossa.. Essa doeu. Não sei explicar, parece algo além de mim, além de tudo. Fecho os olhos e tento entender, entender como chegamos aqui. Não entendo. Nem sei se quero realmente entender. Nossa.. Esse vazio dói mesmo.

"Já estou cheio de me sentir vazio"
- Renato Russo.

Fico procurando palavras pra escrever, vasculhando minha mente, mas não acho, não acho. Deus.. Isso é pior, muito pior.

(Hoje, me dou licença para não escrever bonito.)

Infância, doce infância..

"Hatuna Matata, é lindo dizer!
Hatuna Matata, sim vai entender
Os seus problemas, você deve esquecer
Isso é viver, é aprender..
Hatuna Matata"


Hoje, não sei porque, me deu uma nostalgia tremenda. Remontei momentos marcantes da minha infância, como as tardes assistindo o Rei Leão (o único desenho já me fez chorar), e quando a minha casa pegou fogo e eu fiquei preso no incêndio (é, acho que isso eu nunca contei a ninguém). Lembrei da escola, das brincadeiras... enfim, de muita coisa.

E qual a importância disso tudo? Bom, muitas das coisas que me aconteceram formaram meu carater e minha personalidade. Acho que eu devia fazer terapia, pra achar nas minúncias da minha memória o motivo de minha vida e de eu ser como sou. Acho que todo mundo deveria fazer terapia..

(OBS: Sei que estou sendo menos poético nos últimos escritos, mas prometo melhorar..)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sem título

Está tudo bem? Não. Mas ao menos, parece que tudo caminha para, não para o melhor, mas para o menos-pior. E isso é bom? Não sei, mas se isso servir de morfina, eu topo.

Já não consigo bolar títulos para os posts, que saco. Talvez porque eles não tenham um tema central, mas de todo o jeito, não importa muito. Hoje disse tudo o que precisava dizer, e as coisas caminham para o menos pior.

Hoje li um trecho de Clarice Lispector que adorei (aliás, um não, vários):

"Minha força está na solidão. Não tenho medo de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

Queria poder afirmar isso com tanta certeza. Quero ser indenpendente, egoísta, solitário, um espírito livre. Não consigo. Dor, dor e mais dor. Não, exagero. Só algumas pontadas de algumas farpas do passado, mas farpas bem doloridas. Eu já nem sei o que sentir, o que pensar, como antes. Digo que não doeu. Mentira! Dói, sempre dói. Mas passa, acho. Uma vez disse algo que nunca me esquecerei: "Já fui tão machucado nessa vida, que pequenos ferimentos nem doem mais..."

Talvez trate futuramente de "Dor". Algo bem complexo, e que daria um livro.
Não sei como termina, mas sei como começou e pra onde está indo...

(do que é que eu estava falando mesmo?)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sabe, eu tinha vontade de te dizer muita coisa. Muita coisa. Pra começar, poderia te dizer que você é parte essencial de mim. Ter você longe já dói demais. Você faz muita falta na minha vida, muita, e nem sei dizer o quanto sem que soe exagerado ou mesmo, bobo.

Vai passar, eu sei que no fim das contas vai passar, e quando passar, quero olhar ao meu redor e te vê lá. Porque você é parte de mim. E de que adianta meu orgulho me afastar de você, enquanto minha mente se lembrará sempre de você e em meu coração, pra sempre estará? Portanto, não se vá. Não se esqueça de mim. Quero que minha ausência te faça alguma falta, mesmo que uma mera lembrança.

Não quero que se vá, porque você é parte de mim. E porque te amo. De um modo desengonçado, ainda estranho, estou reaprendendo a te amar. E preciso de você. Nem que apenas uns 5 minutos por dia, nem que seja só pra saber se está bem, eu preciso de você.

Não se esqueça de mim, por favor. Não se esqueça. Nem que eu seja uma ínfima lembrança em uma tarde tediosa, mas não se esqueça daqueles dias. E não se vá, por favor, não se vá.

Eu já te perdi uma vez, não me deixe perdê-la de novo.

Trechos de Caio F. Abreu [2]

"Me queira bem. Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas. Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz. Você é muito linda e eu tento te enviar a minha melhor vibração de axé. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim."
Com cuidado, com carinho grande, te abraço forte e te beijo,
Caio F.
P.S.: Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. E amanhã tem sol.”


***

"Porque chega uma hora em que você tem que escolher a vida. Eu talvez não saiba bem ainda o que isso significa, mas é claro para mim que a hora desta escolha é agora, está acontecendo."

***

"...Tudo isso dói.
Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo, depois.
Para me dar força, escrevi no espelho do meu quarto:¨Tá certo que o sonho acabou, mas também não precisa virar pesadelo, não é?¨È o que estou tentando vivenciar.
Certo, muitas ilusões dançaram - mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas. Também não quero dramatizar e fazer dos problemas reais monstros insolúveis,becos-sem-saída.
Nada é muito terrível. Só viver,não é?
A barra mesmo é ter que estar vivo e ter que desdobrar, batalhar um jeito qualquer de ficar numa boa. O meu tem sido olhar pra dentro, devagar, ter muito cuidado com cada palavra, com cada movimento, com cada coisa que me ligue ao de fora. Até que os dois ritmos naturalmente se encaixem outra vez e passem a fluir.
Porque não estou fluindo."


***

"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. "

***


"Tenho medo de já ter perdido muito tempo. Tenho medo que seja cada vez mais difícil. Tenho medo de endurecer, de me fechar, de me encarapaçar dentro de uma solidão -escudo".


***

"Andei amando loucamente, como há muito tempo não acontecia. De repente a coisa começou a desacontecer. Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas (juro). Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer."

***

"Seja como for, continuo gostando muito de você - da mesma forma -, você está quase sempre perto de mim, quase sempre presente em memórias, lembranças, estórias que conto às vezes, saudade..."

***

"Chorar sem salvação, num canto qualquer, sem motivo, sem dor, até mesmo sem vontade, de mágoa, de saudade, de vontade de voltar."


***

"De tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo."

***

"Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir, que tudo está bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem"

***

"Feito febre, baixava às vezes nele aquela sensação de que nada daria jamais certo, que todo as os esforços seriam para sempre inúteis, e coisa nenhuma de alguma forma se mais ficaria. Mais que sensação, densa certeza viscosa impedindo qualquer movimento em direção à luz. E além da certeza, a premonição de um futuro onde não haveria o menor esboço de uma espécie qualquer não sabia se de esperança, fé, alegria, mas certamente qualquer coisas assim.
Eram dias parados, aqueles. Por mais que se movimentasse em gestos cotidianos - acordar, comer, caminhar, dormir -, dentro dele algo permanecia imóvel. Como se seu corpo fosse apenas a moldura do desenho de um rosto apoiado sobre uma das mãos olhos fixos na distância. Ausentou-se, diriam ao vê-lo, se o vissem. E não seria verdade. Nesses dias, estava presente como nunca, tão pleno e perto que estava dentro de que chamaria - tivesse palavras, mas não as tinha ou não queria tê-las - vaga e precisamente de ; A Grande Falta.


*

Caio Fernando Abreu

Um dia de chuva..

Andando pelas ruas sujas da cidade, já são algumas horas da manhã. Um chuvisco cai, deixando lama na sola dos meus sapatos velhos, e eu estou andando. Pra onde mesmo? Ah, lembrei. Continuo o caminhar na rua de paralelepipdos molhados, enquanto meu casaco fica cada vez mas molhado.

De repente, me deu uma vontade louca de largar tudo. Simples assim. Largar tudo, pegar um ônibus e ir pra um lugar onde eu possa sentar, olhar as coisas, ficar só com meus pensamentos. Não em casa, não quero ir pra casa, mas pra um lugar, um parque, um centro cultural, um metrô, sei lá, qualquer lugar serve. Queria largar tudo porque, só por hoje, nada mais importa. Viver não importa, meu futuro não importar, nem mesmo essa minha irritante febre (agravada pela garganta inflamada e pelo resfriado) não importa. Só o que importa hoje é não se importar com nada. Nada disso importa.

A chuva continua a cair, eu continuo meu caminho. O desejo de partir se foi, durou menos de segundos. No ponto, antes de pegar o ônibus, uma chuva de água escura me molha da cabeça aos pés, jogadas por algum motorista muitíssimo educado e que se esforçou grandemente para não sujar as pessoas no ponto de ônibus. Preciso dizer que adorei?

Pego o ônibus, sento-me no fundo e observo as pessoas. Algumas parecem felizes, outras nem tanto, outras irritadas, outras apáticas. Uma menininha de uns 4 ou 5 anos entra e senta ao meu lado. Ela olha pra mim e sorri. Eu, em um esforço desumano, retribui o sorriso, pois aquele sorriso me pareceu de tal forma mágico que deveria dar o meu melhor num largo sorriso.

- Qual é o seu nome? - ela me pergunta rindo.
- Eduardo. E o seu?
- É Amanda. Com "A", "M", "A", "N"... "D", "A". - ela disse, parecendo orgulhosa de ter conseguido soletrar o nome.
- Nome muito bonito - disse sorrindo.
- O seu também é. Eu gosto.

Logo em seguida, a mãe pediu desculpas pelo atrevimento (?) da menina e desceu do ônibus. Ela acenou pra mim do lado de fora, enquanto o ônibus partir.

Estranho, mas aquela conversa simples com Amanda fez meu dia parecer diferente. Talvez a sua alegria gratuita, sem esperar nada em troca, ou sua inocência, ou mesmo sua espontaneidade. De qualquer modo, fiquei com a imagem na cabeça da Amanda acenando pra mim de fora do ônibus..

Cheguei ao meu destino: minha antiga escola. As coisas por aqui parecem não mudar. Garotinhas histéricas correndo pra cima e pra baixo, garotos que só sabem falar das garotinhas histéricas, gritos, gritos, sinal do intervalo, funcionários grosseiros.. É, as coisas por aqui realmente não mudam. Meus amigos já se foram, não conheço mais ninguem, mas é estranho como o rosto deles parecem tão familiares, como se fossem os mesmo que estudaram em minha época, embora soubesse que eram outras pessoas, mas que agiam do mesmo jeito.

Olhar pra lá me deu uma certa sensação de nostalgia. Me senti tão superior, tão adulto, tão diferente do que costumava ser quando corria pelo pátio a poucos anos atrás. Não sei se isso é bom ou ruim, talvez seja bom. As coisas são diferentes, e parece que, só por hoje, nada importa.

A chuva continuava a cair.
Por que não levei um guarda-chuva?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Música perfeita hoje..

Via Láctea
Legião Urbana
Composição: Dado Villa-lobos/ Renato Russo / Marcelo Bonfá

Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz

Mas não me diga isso
Hoje a tristeza não é passageira
Hoje fiquei com febre a tarde inteira

E quando chegar a noite
Cada estrela parecerá uma lágrima

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humor


Mas não me diga isso
É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é um outro dia, não é?

Eu nem sei porque me sinto assim
Vem de repente um anjo triste perto de mim
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado por pensar em mim


Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser quem eu sou


Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado por pensar em mim
Não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado por pensar em mim

Uma conversa entre VERDADEIROS amigos.. [2]

Como ela consegue? Mesmo depois de tudo, depois de tanto tempo, o elo que nos une parece inquebrável e invulnerável ao tempo e distância. Com uma simples mensagem, ela me fez mais do que a muitos outros não faziam.

"Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também.

Muito meu pra você."

Te amo, Cine, e nunca me esquecerei, NUNCA.
"Jamais soltaremos as mãos."

Uma conversa entre VERDADEIROS amigos..

- Desculpa está enchendo seu saco, Alê. Por causa de uma bobagem, fiz um circo. - respirei e conclui - A minha idéia era falar contigo pra te ajudar a melhorar e foi justamente o contrário. É a febre, mas isso passa.
Ela riu.
- Que nada, moço. Você nunca me enxe o saco.
("Não precisa mentir", pensei rindo)
- Eu adoro conversar contigo. E eu sou praticamente formada em vida amorosa falida.
Ri alto, não deu para evitar.
- Então somos dois. Graças a Deus, o "mercado" não exige Pós-Graduação.

E assim, ela fez minha noite menos triste.
Por isso que eu te amo, Alê.

Só pra desabafar:

Quando você acha que seu coração está preparado, você percebe que não.

Doeu mais do que imaginava.

Caminho..

- Está pronta?
- Para o que?
- Para partimos em viagem.
- E para onde vamos?
- E isso importa?
- Claro que importa! Como vamos viajar sem saber para onde queremos ir?
- Querida, o destino de nossa viagem não importa. O que importa é o caminho que faremos até chegar lá.
- E se não chegarmos lá?
- Então voltaremos e recomeçaremos a viagem.

Trechos de Caio. F. Abreu

"Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir. Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto."

***

"Que te dizer? Que te amo, que te esperarei um dia numa rodoviária, num aeroporto, que te acredito, que consegues mexer dentro-dentro de mim? É tão pouco. Não te preocupa. O que acontece é sempre natural — se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra. Penso em você principalmente como a minha possibilidade de paz — a única que pintou até agora, “nesta minha vida de retinas fatigadas”. E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito."

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" ...e queria lhe agradecer pelas boas lembranças, e pelos oito melhores meses da minha vida."

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"Me explica, que às vezes tenho medo. Deixo de ter, como agora, quando o vento cessa e o sol volta a bater nos verdes. Mesmo sem compreender, quero continuar aqui onde está constantemente amanhecendo."

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"Tento me concentrar numa daquelas sensações antigas como alegria ou fé ou esperança.Mas só fico aqui parado, sem sentir nada, sem pedir nada, sem querer nada."


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"E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo."

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"...pedi uma definição ou me quer e vem, ou não me quer e não vem. Mas que me diga logo pra que eu possa desocupar o coração. Avisei que não dou mais nenhum sinal de vida. E não darei. Não é mais possível. Não vou me alimentar de ilusões. Prefiro reconhecer com o máximo de tranqüilidade possível que estou só do que ficar a mercê de visitas adiadas, encontros transferidos. No plano real: que história é essa? No que depende de mim, estou disposto e aberto. Perguntei a ele como se sentia. Que me dissesse. Que eu tomaria o silêncio como um não e ficaria também em silêncio. Acho que fiz bem."


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"de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez."


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Caio Fernando Abreu

À Srta. Braga, um tratado sobre a solidão.

Em 23 de dezembro de um ano qualquer,

Carta a Srta. Braga,
Apenas um tratado sobre a Solidão.

De onde vem a solidão, e por que temos tanto medo de estarmos sós? A solidão sempre foi ao Homem um sentimento dual. Certas horas, a desejamos com todo o afinco, a fim de sermos deixados para refletir sobre nós mesmos conosco mesmo. Em outros momentos, temos horror à idéia de estarmos sozinhos, talvez até com medo de nos encararmos, ou apenas porque nos conhecemos bem o suficiente e sempre saberemos a resposta que daríamos a nós mesmos se estivéssemos conversando. Em outras palavras, definitivamente, o Homem tem medo de estar só.

Antes de tudo, permita-me esclarecer que não escrevo a senhorita a fim de que leia sobre meus devaneios reflexivos. Afinal, quem perde tempo com algo inútil como a Filosofia? Escrevo apenas na esperança de que, tirando tais palavras e idéias de minha cabeça e expondo-as no papel, possa aliviar meu coração e mente das sobrecargas de uma vida sem sentido. Ser essas letras lhe é enfadonhas, sem pena as deixe de lado, mas espero de coração que possas me entender.

Nesta correspondência, escrevo-lhe para falar da solidão. Sentimento cruel, esse. Acredito que nenhum ser humano deveria sentir tal dor, a dor de estar só. Outros pensadores diriam apenas que o Homem é um ser social, que foi incumbido por Deus a viver em uma sociedade, e por sua psique é tão afetada ao estar só. Eu, como um livre pensador, diria que o Homem não é feliz quando está só, pois tem medo de encarar a si mesmo, e Deus não tem nada com isso.

Não que eu condene isso, de modo algum! Eu tenho meus demônios também, e não são poucos, posso lhe garantir. Também sou Homem, tenho muito medo de encarar a mim mesmo e também tenho medo de estar só. E quando digo de solidão, não quero dizer apenas de estar solteiro, namorando ou casado. A solidão se refere ao fato de não ter ninguém além de si mesmo. Tenho vários amigos, mas poucos com quem posso conversar com um nível de afinidade confortável ao meu coração, e isso me deixa a beira da sanidade, uma vez que preciso de alguém para me ouvir.

Não suporto meus próprios pensamentos.

Classificaria a solidão como uma doença, se a mim fosse dado tal poder. Exagero? Ora, minha cara, pense comigo. Qual mal deixa o Homem em um estado tão crítico de depressão, de modo a que não possa compartilhar de si mesmo ao próximo, se não a Solidão (e agora a trato com “S” maiúsculo)? O Homem frente a si mesmo pensa demais, não só sobre si, mais sobre o sentido da existência, sobre as coisas da vida e outros mistérios da Humanidade, que nem sábios como Aristóteles e Platão tiveram a audácia de enfrentar além de seu próprio íntimo.

Encarar a si mesmo não é tarefa fácil. Entenderia Hobbies dizendo que “o Homem é o Lobo do Homem” como o Homem sendo o Lobo de si mesmo, de seu próprio Eu. O Homem tem uma surpreendente capacidade de destruir a si mesmo, voluntária e involuntariamente. Acho que involuntariamente é pior, pois quando se percebe, geralmente a pessoa já não é mais nem a sombra do que costumava ser. Graças a Deus, sempre há um caminho de volta; um trabalhoso caminho, mas em que se tem a chance de recomeçar.

Se penso e logo existo, preferia não pensar e não existir. A capacidade de pensar em nossos medos e fraquezas causa muita dor em nós mesmo, assim como a idéia de não existir é extremamente confortável. Não me refiro aqui ao suicídio, mas sim a existência de um ponto de vista metafísico. Mas que Homem existe se existe vivendo só, de modo a não ser notado? Se uma árvore cai no meio de uma floresta fechada, onde nenhum ouvido possa ouvir seu ruído, sua queda faz barulho?

Em alguns dias será Natal e as famílias e amigos se reunirão. Não importa, pois muitas vezes pode-se estar em meio a uma multidão, e ainda assim, estar só.

Mas então, o que nos classifica como uma pessoa solitária?
Não sei, e provavelmente nunca saberei.

Mas se lhe serve de consolo, eu sei que sou uma...


Ass: Daquele que ja foi seu amado, Eduardo Costa da Silva.

Escrever é a chave.

Eu não tenho métrica, não tenho estética, não tenho ritmo, nem sei o que, por que ou como escrevo. Não escrevo porque acho bonitinho, nem porque quero parecer intelectual. Não sei o sentido, nem a direção, nem a força aplicada, a impulsão, tração ou o atrito. É físico, é mental, é espiritual.

É emocional também, especialmente emocional.

Sempre me expressei melhor escrevendo do que falando. Escrever me dá tempo para pensar, falar não. Além de que, escrevendo, as possibilidades são infinitas, ilimitadas, incontáveis e inacreditáveis. Costumava dizer que escrevia, pois passava ao papel parte de mim, parte dos meus problemas, parte dos meus pensamentos, e isso me dava um alívio temporário, até voltar tudo outra vez e até que escrevesse de novo.

Escrever não é privilégio dos intelectuais, artistas, sábios, vagabundos e melancólicos. Escrever é uma chave, uma ferramenta, assim como o serrote e a Magia.