sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Acordo cedo, tomo banho, escovo os dentes, troco de roupa, tomo café e vou para o estágio. Pego metrô lotado, e simplesmente observo as pessoas. Alguns conversam, outros riem, mas a maioria (tipo uns 95%) tem uma cara estranha, difícil de definir. Algo como uma mistura de tédio, desânimo e tensão. São quase 8h da manhã, e as pessoas vão para o trabalho como se estivesse indo para o calvário ser crucificado.

Esbarro em uma senhora ao meu lado, viro-me e digo “me desculpa”. Sua resposta? Uma cara ranzinza e um olhar zangado pra mim. Deus, o que há com o mundo? Eu só esbarrei o braço nela, não lhe arranquei um fígado. Fechos os olhos, respiro e volto minha atenção para o meu livro. Então, a minha frente, uma linda mulher está virada de costas pra mim, com o celular no bolso de trás, mas de fácil acesso a qualquer ladrão. Posiciono-me de modo a cobrir suas costas. Protegi alguém que nunca saberá o que fiz, nem quem sou. Ela nem olhou pra trás.

Eu sou um cara legal. Posso não ser rico, inteligente e muito menos bonito, mas sou um cara legal. Não direi que sou um santo, mas estou sempre disposto a fazer o melhor, o bem. E o que recebo em troca? Sou pisado e humilhado todos os dias por agir como um ser humano deveria agir. Me sinto um homem perdido em meio a uma savana de leões famintos.

Cansei, sabia? Cansei mesmo. Não que eu vá ser uma pessoa ruim daqui pra frente, mas estou perdendo gradativamente a fé em muitos dos meus ideais, e pior de tudo, também perco a vontade de acordar todos os dias e encarar um mundo como este. Tenho certeza, se quisesse me isolar em um casulo em mim mesmo, conseguiria sobreviver numa boa, mas sinto que isso me tornaria menos humano, o que não me agrada. Não quero ser um caçador, mas também não quero ser abatido.

Esse mundo definitivamente não é pra mim...

(Escrito em 22 de setembro de 2009)

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