domingo, 27 de setembro de 2009

E sigo levando. Não é confortável, nem agradável. Não sei para onde ir, nem se devo ir, mas continuo seguindo. Mesmo a perspectiva de um final feliz já não me anima, assim como não me anima as lindas lembranças daqueles dias felizes, embora devesse. Pois alguém otimista pensaria “pelo menos, tudo o que vivemos foi bom”, mas não alguém como eu, não eu; eu sou o tipo que ao invés disso pensaria “foi lindos dias, que acabaram e que não tenho certeza se conseguirei seguir em frente”.

Meu lado sombrio dá risadas amargas da perspectiva de sofrer, enquanto que isso não mudará nada (mas ajuda a diminuir a dor). Se diverte do meu próprio sofrimento, enquanto olho pela janela e vejo as crianças brincando, sendo feliz. Enquanto meu lado benigno tenta obliterar a dor, pensar no que há de vir e pensar nas alegrias vividas, procurando de todo o jeito levar tais lembranças como momentos felizes, e que valeram mesmo por terem acontecido, independente do que estava por vir logo depois daqueles dias de glória.

Nas lendas, nunca mostram como os gloriosos e poderosos guerreiros levantam após suas quedas, ou mesmo, se levantam. É fácil imaginar, e mais fácil ainda dizer, “siga em frente”, “a vida continua”. Marcas, cicatrizes. É isso o que fica, e isso que nos lembra o que aconteceu conosco na estrada até aqui. Ou um ferimento sara, ou o guerreiro morre. Não quero morrer, mas por que essa maldita ferida não fecha?

Mas sigo levando. Sim... Não quero sofrer, não quero, sei disso, tenho certeza disso, mas meu coração insiste em sofrer. O que faço? Alguém pode me ver aqui em baixo?


(Escrito em 20 de setembro de 2009)

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