segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Castelo

Era um esforço descomunal, mas gratificante. Ao final de cada tarde, com o Sol indo embora para outro lugar por trás das montanhas, enquanto o céu tomava um tom de rubro e dourado, contemplava sua obra e sorria. Lá estava o seu trabalho, toda a materialização do seu esforço. O castelo que trabalhava arduamente para construir. Ainda estava em construção, mas a vontade de vê-lo pronto, a beleza de sua arquitetura e o melhor, ter um lugar só seu, tornavam seu trabalho ainda mais valoroso.


Entretanto, não foram só rosas. Certo dia, enquanto dormia e descansava para o dia seguinte de trabalho, ouviu o que seria o começo de uma tormenta. Não “uma tormenta”, mas sim “A Tormenta”. Os ventos fortes quebraram suas janelas e inundaram sua casa, mas ele não se importava. Preocupava-se apenas com seu castelo, com seu esforço, em sua construção. Esperou a tormenta acalmar um pouco e correu ainda de pijama para a construção. Ao chegar, depara-se com tudo arruinado. O trabalho de sua vida se perdera em meio a uma obra do acaso. Naquele dia, chorara em meio a lama e a tempestade, sem se preocupar. Chorara pela dor do esforço desperdiçado. Chora por tudo se perder.


Mas não desanimou, não senhor. Tornou a recomeçar a obra. Recolocou as primeiras bases, embora o terreno não mais o ajudasse. Talvez, nesse novo recomeço, estivesse se esforçando mais do que a primeira vez, por ter contemplado a perda. Lutou contra todas as possibilidades, nem dormia mais, apenas se dedicava de corpo, alma e mente aquela obra. Obra de sua vida e de seu espírito.


Mas certo dia, devido ao esforço, desmaiou. Talvez tivesse se passado, horas, dias, semanas, não sabia. Acordou e tivera mais um triste surpresa: tudo sumira. Sumira, sumira. Simplesmente desaparecera. Não havia nada que sugerisse que tinha uma obra acontecendo, ou que acontecera, naquele lugar. Tudo que havia era uma flor púrpura, um jacinto. A flor da mágoa. Entendeu então: nada daquilo não passava de um sonho, um lindo e sofrido sonho. Tudo pelo o que trabalhara, tudo pelo que lutou... Sua dor era forte demais, mesmo para ser descrita por esse pobre cronista. Uma dor indizível. Seu castelo se perdera, e tudo que restou fora a mágoa.


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Peço desculpa aos meus dois leitores por demorar tanto a retomar meus escritos. Na verdade, nem tinha prazo pra retornar, mas graças ao puxão de orelha da Arlene, tomei vergonha na cara. E foi numa conversa com ela que tive a idéia pra esse texto.


Obrigado a todos.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Restart the game, baby

Um novo ano começa. É hora de definir planos, correr atras e tomar um rumo (definitivo).
Tenta não estragar tudo dessa vez, Eduardo.